Marcelo Estraviz (Instituto Doar)
Quais os principais problemas e obstáculos em relação à doação que você ou sua organização identificam na atual legislação e nas regras e procedimentos brasileiros?
A ideia vigente no Brasil sobre esse tema tende a ser a de que alterar a legislação tem a ver com incentivos fiscais. Eu não acho que seja esse o único caminho. Pois só estaríamos ampliando uma doação com o bolso alheio.
Além disso, os incentivos são burocráticos, gastam um tempo e recurso público e privado entre idas e vindas, num jogo de projetos muitas vezes falseando dados ou dourando a pilula.
Brasileiros querem doar, independentemente de incentivos. Mas querem que o procedimentos eja fácil, seguro, virtuoso. Querem participar disso. Os incentivos são um efeito cntrário, o da desconfiança, do cartório que autoriza, do recibo que comprova. Parece que se está fazendo algo errado enquanto alguem não nos diz que está tudo certo.
Pra mim (e pra muita gente) bastaria facilitar procedimentos (como no caso do IR na Espanha) ou punir com mais tributação quem não o faz (como o caso das heranças nos EUA)
E tem o alien fiscal: tributar doações no ITCMD… O horror!
Quais as possíveis soluções para o atual cenário? Envie seus comentários e propostas de alteração legislativa.
Pelo pouco espaço aqui fico com os dois exemplos que citei acima.
Países como os EUA tem na sua legislação mecanismos de uma espécie de “dissimulado castigo fiscal”. Exemplo é o das heranças. Seus herdeiros serão tributados em quase 50% da herança, a não ser que se doe via endowments ou fundações e ONGs. (não estou sendo exato aqui por falta de dados agora, mas é basicamente isso).
As regras e procedimentos brasileiros deveriam estimular doações facilitando-as. Outro exemplo é a doação assinalada no proprio IR, onde a Fazenda debita desse a pagar e distribui às organizações previamente ranqueadas. É assim na Espanha, onde todos os espanhóis escolhem entre 3 opções, pra onde irá 0,7% do seu IR. Sem recibos, projetos a aprovar, pagamentos prévios e demais burocracias.
Sobre a tributação de doacões, a proposta é uma batalha simples: Tirar o D do ITCMD. Deixa o D sem tributar, oras.